Cestinhas de frango e um bolo de maracujá para o livro |
O tempo encarregou-se de "ajeitar" as coisas em seus devidos lugares, e percebo que às vezes não basta apenas a vontade de querer alguma coisa, as situações ora levam para um caminho, ora para outro, e meu destino foi tecendo-se, algumas vezes com remendos de um fatídico patchwork, e outras vezes como um bordado de renda de filó...
Apenas médica deixei de ser...e embora isso não me frustre às vezes tenho vontade de enfrentar mais uma faculdade, largar o que faço e estudar, de fato, medicina.
Daí que sempre ouço tantos elogios à profissão que tenho, ter o privilégio de explicar o processo de criação de uma luminária ou de qualquer outro produto e falar de aviação com tanta desenvoltura e algum conhecimento por ter escolhido "transportation" como mestrado...
Ah, e escrever tudo isso em um livro...
Lembro ainda o dia que peguei na biblioteca pública o livro que mudaria minha vida e hoje preparando esse texto, debrucei-me na janela do escritório, enquanto meus olhos perdiam-se na imensidão verde, lembrei da crônica do livro de Ray Bradbury, a do casal de marcianos, ela sorvia algo como um chá, de fogo elétrico e ele lia um livro numa tarde fagueira e muito quente de verão marciano, foi quando a segunda expedição terrestre chegou em Marte...
Definitivamente eu queria ser escritora, e de ficção científica, cheguei a escrever aos 14 anos de idade um livro nesse gênero, a história de um pequeno grupo de baleias que foi transportado para Marte a fim de ter sua espécie assegurada com a ajuda das tais esferas azuis do Bradbury, só que durante a viagem espacial uma das baleias dá a luz.
Infelizmente o livro que passava de mão em mão foi roubado e não consegui reescrevê-lo, então comecei um segundo livro: crônicas baseadas em sonhos; Um terceiro, sobre plantas e banhos aromáticos e ainda um quarto livro, em paralelo, dessa vez um romance: o cenário era um navio indo à Tailândia, Bangkok, mas fui obrigada a aborta-lo por falta de ajuda nas pesquisas sobre esse país. Na época nenhum livro sobre o tema na biblioteca e nenhum professor que conhecesse a Tailândia....
Anos mais tarde, já aos 21 anos decidi publicar um livro com ilustrações autorais, botânicas e zoológicas em aquarela e fotografias, também autorais, de pássaros em extinção na mata Atlântica...também falhou, mesmo aprovado pela Lei de incentivo a cultura mas dessa vez por falta de captação de recursos, sem patrocínio.
Mas agora eu conheço a Tailândia, e cozinho um bocado os pratos de lá e estou escrevendo um livro de tantos outros lugares e seus pratos mais emblemáticos....inventando moda...
Essas cestinhas de massa phyllo são um exemplo, a massa de origem greco-otomana e uma inspiração asiática em seu recheio, não deixei de lado a América latina e acrescentei o cacau.
Se quiser fazer a massa phyllo em casa ( o que recomendo com muitas ressalvas) prepare-se para esticá-la ao máximo que puder e deixá-la transparente, na Grécia e nos países árabes são os homens que desempenham esse papel, existe até competição para ver quem deixa a massa mais transparente, e é esse o segredo que garante a crocância dos deliciosos Baklawa.
Cestinhas de frango picante com cacau
Rende aproximadamente 8 cestinhas.
Massa yufka (phyllo)
1 1/3 xicara de farinha de trigo (de preferência "0")
1/8 colher de chá de sal
1/2 xicara de agua
2 colheres de sopa de oleo vegetal
1/2 colher de chá de vinagre de maçã
Recheio
peito de frango cozido e desfiado2 pimentas dedo-de-moça sem sementes e finamente cortadas
Alho poró, cebola a gosto
2 colheres de sopa de óleo de amendoim ou gergelim
cacau em pó a 90% (sem açúcar)
Raspas de uma flor de lavanda seca
8 cubos de queijo fontina
Preparo do recheio
Refogue o alho poró no óleo até que fique macio e brilahnte
Acresente as cebolas e pimentas até ficarem translúcidas
Acrescente o frango desfiado e frite rapidamente.
No final raspe um pouquinho da flor de lavanda no cacau e polvilhe sobre o frango, já com o fogo desligado.
Reserve os cubos de queijo fontina.
Preparo da massa
Numa tigela grande misture os secos, em outra menor misture a àgua, o óleo e o vinagre.
Junte os líquidos à mistura de farinha e trabalhe a massa até obter uma consistência homogénea, firme e lisa.
Sove bem, forme uma bola, pincele-a com um pouco de óleo, envolva-a em filme plástico e deixe-a descansar por 90 minutos.
Abrindo a massa
Disponha de uma assadeira para muffins untada com margarina.
Após o descanso opte por abrir a massa em pequenas porções, sobre uma tábua de madeira, polvilhe um pouco farinha, apenas para garantir que a massa não grude enquanto você a abre com a ajuda de rolo de macarrão, abra na forma aproximada de um quadrado, abrindo-a em todas as direções e descolando-a constantemente da bancada.
Certifique-se sempre que ela fique na mesma espessura, sem rasgá-la e o mais fino possível.
Feito isso, com a ajuda de um pincél, pincele um pouco de margarina derretida e acomode-a na fôrma de muffin( eu coloquei duas folhas de massa em cada compartimento)
Preencha com o recheio de frango e intercale pela metade com um cubo de queijo fontina, se quiser acrescente uma pitada a mais de cacau leve ao forno,
Asse em forno moderado por uns 10 minutos ou até que esteja dourado.